segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Restauração


Assim é chamado o sector que abrange alimentação (restaurantes, fast food, etc). Todos os restaurantes oferecem algumas opções baratas de “Prato do Dia”, ou “Almoço Executivo”, sempre entre segunda e sexta-feira: entrada (geralmente sopa e pão) e prato principal. Em alguns inclui também a bebida (réfri, água, sumo ou vinho), sobremesa e até café. Os preços variam entre (pasmem) € 5 e € 15. Até experimentei algumas boas opções por € 5, mas as melhores estão a partir de € 7. No Porto, indico logo a que gostava mais:


A Quinta da Boeira  é uma antiga propriedade de produtores de Vinhos do Porto, totalmente reformada e mantida por uma espécie de Confraria. Um grupo de amigos/investidores modernizou as instalações da lindíssima casa do séc. XVIII, onde hoje funciona um bom restaurante e ambiente para recepções, casamentos, etc. À noite há serviço a la carte normal, mas a minha sugestão é ir lá almoçar, para ver com maior detalhe o interior da casa e os jardins. O almoço executivo, com entradas (óptimas!!), sopa ou salada, duas opções de prato do dia, vinho, sobremesa e café, custa 15 euros. Pede ao garçom para subir e ver os antigos aposentos da última dona e ele te acompanhará, com satisfação. Rua Conselheiro Veloso da Cruz, 608 - Gaia. Da Ribeira de Gaia para lá um taxi é bem barato, cerca de € 5 ou € 6. De metro é pegar a linha amarela (linha D) até a estação Câmara de Gaia e descer a rua da Câmara (Prefeitura) por uns 10 minutos.

Atualização em 14/08/2013: a Quinta da Boeira tem novidades (clique aqui)! Achei fantástica a ideia e fiquei curiosíssimo para conhecer. Gosto muito desse lugar, que é bem mais que um restaurante. Fica muito perto de onde morei e lá estive para muitos e excelentes almoços.

Quinta tradicional, ligada aos Vinhos do Porto
Se não fores lá vou ficar chateado, a Boeira é dica de insider!! :)

Se quiseres fazer compras, uma das opções é o Corte Inglez, que fica na estação seguinte do metro (João de Deus). É a estação que fica mais próxima do ap em que morei.

Dica: Em Portugal é comum que os restaurantes apresentem diversas opções de entradas, com pães, manteiga, queijos, azeitonas, “rissóis” (risoles), etc. Normalmente o couvert não é cobrado no total, como no Brasil. Paga-se o que se come. A manteiguinha tem um preço, o pão, cada item. Confira no cardápio o preço dos acepipes.

O restaurante Barão de Fladgate é óptimo, um belíssimo visual. Não é dos mais baratinhos, mas é justo. A recomendação é de um almoço, pela vista linda da cidade e pela comida e ambiente. Essa é uma opção que deve ser combinada com uma visita (gratuita) às caves tricentenárias da Taylor's. As visitas à noite só se realizam com marcação prévia.  Ao chegar, reserva logo uma mesa de frente para o Rio Douro, na varanda,  faz a visita às caves e depois escolhe um bom vinho da carta diversificada que eles oferecem, com representantes líquidos e certos de muitas regiões vinícolas do país. A carta de Vinhos do Porto, claro, conta com toda a linha de vinhos da Taylor's, além de outras pérolas.

Mas, porque o parágrafo acima está em itálico? Desfrutei, em junho/2012, de um belíssimo almoço no restaurante do Yeatman, a primeira unidade hoteleira vínica de luxo de Portugal. Com uma visão espetacular do Porto, ali podes  entender o porquê da estrela Michelin que foi atribuída a ele. 

Até com essa fog o Porto é uma beleza...
Segundo o que o site cita, "harmonizamos uma cozinha de imaginação, na qual os sabores tradicionais portugueses são interpretados e apresentados num estilo contemporâneo". É exatamente isso. O atendimento é precioso e todas as fases do almoço foram perfeitas. "Boas Vindas do Chef" com um espumante tuga ou um Porto Branco. Entrada e prato principal com o vinho da semana (que dei a sorte de ser o Crasto Vinhas Velhas) e sobremesa acompanhada de um LBV da Taylor's. Fiquei entretido com tudo e fotografei apenas os primeiros pratos:

"Seja bem-vindo"...
Espuma de caril na entrada.












O menu que é servido aos almoços durante a semana e o valor são sempre actualizados aqui.






Combinado com a mais diversificada garrafeira (adega) de vinhos portugueses e com preço similar ao do restaurante Barão de Fladgate, da Taylor's, um almoço por aqui proporciona uma experiência (ao menos para mim) mais satisfatória. Não deixes passar essa.

 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um Café?

O café é uma verdadeira instituição tuga. Presta atenção nas ruas, é impressionante a quantidade de cafés espalhados por todos os lados. Seria o equivalente, no Rio de Janeiro, às lojas de sucos...
Em Portugal, o hábito de tomar café fora de casa começou logo após 1900, mas hoje em dia qualquer coisa é motivo pra um café. Depois das refeições é garantido. E é comum almoçar em um lugar e tomar café em outro – num café. Muitas padarias tem cafés, com mesinhas, os shoppings têm quiosques de café, o supermercado é uma loucura de opções e todas as marcas disputam os clientes com brindes e opções de torragem, café pra máquina expresso, pra café coado, etc. As esplanadas, então, sem café, não seriam as mesmas. Ah, e tem a “Regra dos 10 cafezinhos”, que tive que aprender logo, logo. “Diz a lenda” que as gajas tugas somente te beijarão depois da conversa equivalente a 10 cafezinhos. Soube disso logo que cheguei em Portugal, pra passar ao menos 2 anos!! Hora de pensar “onde vim me meter”.  Estou a brincar, tudo ao seu tempo... De qualquer forma, viciei-me em café, pá!!
Café em Portugal:
  • Se gostas da chávena (xícara) cheia ao tomar um expresso, pede um “café cheio”. O normal é o café ser servido em ½ chávena, o “café curto”;
  • O café com leite é a “meia de leite;
  • O café pingado é o “pingo”. E o café mais fraco é também chamado de “carioca” (ou "carioca de café");
  • É muito comum o “carioca de limão”, uma infusão, como um chá, feito com casca de limão e água e servido em uma chávena de café.  Eu gosto. Acho que é o produto com maior valor agregado que já vi ;)
  • Um expresso pode custar entre € 0,5 e € 1,0, a depender do sítio. No Palácio do Buçaco, por exemplo, custa € 2,5.
O Café Majestic é emblemático. Assim como a Livraria Lello, é um lugar que não se pode deixar de ir no Porto, mas fecha cedo, vai de dia. A sala com espelhos de cristal de Antuérpia, chão de mármore indiano, mesas lindas de madeira e mármore, a louça antiga, é um lugar para sentar e perceber cada detalhe. Se tiveres sorte, ouvindo boa música, tocada no piano de cauda da casa. Bom café, meia de leite (café com leite) de primeira e a chance de viajar até a década de 20 do Porto. Não perca esse embarque! Caso apeteça, prova a caravela, que é um prato de melão, com o presunto montado como uma vela de barco. Vai à casa de banho e passa pelo Jardim de Inverno. Faz fotos e depois me diz, ok? Algumas sugestões para um café:
Café Progresso (esse eu gosto - foi remodelado mas existe há 110 anos). Rua Actor João Guedes, nº5. Perto dos Clérigos. A região tem vários bares “alternex”, que recebem parte da juventude tripeira na noite. Vale uma investigada, caso o roteiro noturno passe ali por perto. Tem também o Café O Guarani, fundado em 1933. Nada de muito especial,  mas vais passar por ele, nos Aliados. As referências tropicais são para o Brasil, como primeiro produtor mundial de café, no século XX.
O Café “A Brasileira” foi inaugurado em 1903, antes da sua filial famosa de Lisboa. Um farmacêutico tripeiro fez fortuna com café no Brasil e ao voltar  investiu em uma torrefação no Porto e oferecia uma chávena de café para as pessoas que compravam um saco de grãos. Deu certo. Com um magnífico pára-sol de ferro e vidro, agora é restaurante e “Il Caffè di Roma”, pertencente a uma cadeia de franchising e que se pode ver um pouco por toda a parte, mas nunca numa sala com tanta beleza.  O imóvel ocupa a esquina das ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim. Até hoje é possível ver, em azulejos ou pintado em alguns muros da cidade, o slogan utilizado há cem anos: "O melhor café é o da Brasileira".
No mínimo para fazer boas fotos, visita o Café Bogani, na Ribeira de Gaia. Fica em uma espécie de "mall" de restaurantes na beira do Douro, do lado de Gaia. Modernoso e com poltronas Philippe Starck, perfeitas para admirar o visual lindo do Porto, Douro e pontes. Recomendo o final da tarde, após uma visita às caves de Vinho do Porto, que são logo ali. Essas visitas estão em todos os guias, mas se quiseres aprofundar-te um pouco mais sobre o assunto, lê o post sobre vinho, que publico em breve aqui, no SucaTrips!.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Bombarda


Informe-se sobre a localização da Rua Miguel Bombarda, é relativamente perto dos Clérigos. É o reduto de alguns estilistas, artistas e designers do Porto, que têm lojas e galerias espalhadas por lá. Lê um pouco sobre isso em  O Porto Cool. Como o nome diz, esse é um óptimo blog sobre o lado “cool” do Porto, com atualizações constantes. Em 2008 comemorei meu aniversário na área, no Clube da Gula. O nome é meio guna (cafona, brega) mas o restaurante é bom e tem uma loja gourmet. O menu degustação (noite) sai por cerca de  € 25, mas durante o dia eles oferecem pratos executivos por preços camaradas. Fica numa galeria bacana, o Centro Comercial Bombarda (CCB), com café, lojas de móveis e roupas, uma bacaninha de artigos de cinema, etc.

O Clube da Gula pode ser uma boa opção noturna, mas o ideal é visitar essa região durante uma tarde. Para chegar direto no CCB dê a volta pela direita do Hospital Santo António e cruze o Jardim do Carregal na diagonal, pegando a Rua Prof. Jaime Rios de Sousa, que termina lá. Este é o último jardim romântico do Porto (1897) e mesmo com sua área mínima, guarda exemplares interessantes, como Sequóias Gigantes e o Cedro do Líbano. É bom dizer que a Bombarda não é propriamente uma rua bonita ou charmosa, mas a região tem mais de 20 galerias de arte e outras atrações, tipo lojas "trendy" e de produtos biológicos. Um exemplo é o Artes em Partes, prédio antigo que reúne lojas de diferentes conceitos, com um comércio mais autoral em comum. No térreo fica o "Rota do Chá", onde dá pra experimentar uma variação zen desse tema no jardim interno deles. Se estiver frio, melhor ainda, dá pra provar mais de uma das 300 opções que eles oferecem. E há mais: cafetaria bio e produtos biológicos no “Quintal”, (esquina da Rua do Rosário com a Miguel Bombarda) ou a “Muuda”, que fica diferente a cada visita - vende t-shirts e roupas com design diferenciado, Sabonetes Confiança, livros de arte, enfim, vende "de um tudo..."

Jardim oriental. Fonte: restauranteitamae.blogspot.com
  
Na Bombarda está o Itamae, o mais antigo restaurante japa do Porto, que foi adquirido por um artista plástico e transformado numa belíssima mescla do oriental clássico com a modernidade. De 2ª a 6ª há  almoço executivo por 10.  Miguel Bombarda, 216.



Se a idéia for um almoço em ambiente mais requintado, poucos metros faltam para o Artemisia (Rua Adolfo Casais Monteiro, 135), restaurante recomendado pelo Guia Michelin. Olha o Menu Executivo...  Na Gato Vadio há um pouco de tudo (cafetaria, livraria, design). Depois de circular pela região, vai bem um drinque ou um café no seu ambiente tranquilo e com boa música. Rua do rosário, 281.
Há ainda o Bugo Art Burgers, mas esse não conheci. Fica aqui a referência de um hamburguer "gourmet" a ser degustado em um ambiente sofisticado e personalizado. A conferir!
"Spots" da Miguel Bombarda. São todos próximos...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Baixa - Da Batalha ao Bolhão



Rua 31 de Janeiro
Ao fundo, igreja na Praça da Batalha

A leste dos Aliados alguns pontos merecem uma espiadela. Faz isso, esse passeio vale um investimento de duas horitas. Apesar de uma grande interferência urbana, a zona, com muito comércio, ainda preserva alguns belos prédios "Arte Nova" (Art Nouveau), bons cafés e restaurantes. Uma idéia é partir da Estação São Bento e, logo na primeira rua à direita (Rua 31 de Janeiro), começar a bater perna por ali.

O nº 174 já mostra um bom exemplo, a casa Vicent (difícil não notar o dourado), onde hoje funciona uma loja modernex, a Bench. No nº 200 a antiga Ourivesaria Cunha segue a mesma linha, com a escultura "Grupo de Amores" acima da porta. Na esquina acima mais duas jóias: De um lado, a Casa Reis & Filhos – hoje uma loja streetwear - tem uma fachada preta bem diferente da Vicent, ultra-dourada. Tanto essa (Reis & Filhos) quanto a ourivesaria ainda conservam elementos originais. Se a curiosidade bateu, entra e vê. Logo em frente, a Livraria Latina se mantém como uma das mais antigas do Porto. Mas por que tantos detalhes? Logo que cheguei no Porto eu costumava parar cada dia em uma estação do metro diferente, sair e procurar um lugar novo para almoçar. Uma boa forma de conhecer aos poucos a cidade. Lembro-me bem que parei muitos dias na Estação Bolhão e andei muito nessa região. Mesmo que tenhas pouco tempo na cidade, aproveita e tenta tirar o máximo dela.

Antes de entrar à esquerda na Rua de Santa Catarina, cabe um "alô" sobre a Praça da Batalha. Os guias e sites sobre o Porto citam que o nome vem de uma sangrenta batalha dos habitantes do Porto contra os Sarracenos que dominavam a Andaluzia no Século X, liderados por Almançor (ou Al-Mansor).  Os portuenses foram derrotados e a cidade foi completamente destruída. A Praça foi urbanizada em 1861 e em Fevereiro de 1927 houve uma não menos sangrenta batalha, dessa vez com metralhadoras e artilharia forte contra a ditadura militar, menos de um ano após a chegada de Salazar ao poder. Logo ao virar para a Praça, à esquerda, fica o Cine-Teatro Batalha (1908), que além de cinema e teatro (óbvio), oferecia exposições e shows. Depois da n-ésima remodelação, em 2006 passou a contar com os bares Disco Volante e um restaurante com esplanada, mas soube que voltou a fechar, o que é uma pena. Ao lado do Cine fica o Palácio da Batalha, que fez as vezes de hospital de sangue durante o já tão falado Cerco do Porto. A  estátua em frente é do Rei D. Pedro V, o "Rei Muito Amado", neto de D. Pedro I do Brasil (filho de D. Maria II). Do outro lado da praça fica o Teatro Nacional São João, nome dado em homenagem ao então Príncipe Regente, futuro D. João VI. Inaugurado em 13 de Maio de 1798, seu aniversário, foi o primeiro edifício construído no Porto com a finalidade única de apresentar espectáculos. Após o incêndio que o destruiu em 1908, foi novamente inaugurado em 1920, com projecto de José Marques da Silva , o mesmo da Estação São Bento, Edifício "Grandes Armazéns Nascimento"  (falo sobre esse em seguida) e do Edifício "A Nacional", o primeiro do lado esquerdo da Av. Dos Aliados. Essa fase coincidiu com uma actividade teatral decadente e o Teatro funcionou basicamente como cinema. Já degradado, foi adquirido pelo Estado e voltou a funcionar regularmente em 1995. Verifique a programação, esse seria um óptimo começo de noite no Porto.

É só escolher o espetáculo. Fonte: www.tnsj.pt

De volta à Rua de Santa Catarina. Há um pequeno trecho em que carros e eléctricos circulam, mas a partir da esquina com a Rua de Passos Manuel e durante uns 500 m, só pedestres. Na esquina ficam as Galerias Palladium, onde já funcionaram os Armazéms Nascimento e o Café Palladium, referências de décadas passadas. A arquitectura é um destaque, hoje em dia comprometido por muita poluição visual e com o interior totalmente descaracterizado pela C&A e pela Fnac. “Vá lá que a Fnac não fica lá mal”, já ouvi isso, mas dá pena não ter conhecido o original, que durou até perto da década de 80. Dica:  A cada 3 horas (3, 6, 9...) surgem do relógio quatro imagens que representam personagens relevantes do Porto: o Infante Dom Henrique, Almeida Garrett, São João e Camilo Castelo Castelo Branco. As imagens “andam” do lado de fora por dois minutos e depois entram para esperar por mais três horas. 

O Camilo Castelo Branco foi o primeiro escritor tuga a viver exclusivamente da profissão. Apesar de ser alfacinha (lisboeta), estudou no Porto e aqui protagonizou uma história que merece mais um desvio do assunto desse post (que vai acabar maior do que devia). Ficou órfão cedo e teve uma vida que poderia ter sido contada em uma de suas novelas, se é que não as inspirou. Casou-se pela primeira vez aos 16 anos (em 1841) e aos 21, já vivendo na boemia, rapta outra mulher e vem para o Porto. Atitude o cara tinha. "A beleza é o poder moderador dos delitos do coração", dizia ele... É preso por bigamia e quando consegue a liberdade acha finalmente a mulher que nunca imaginara encontrar – Ana Plácido. Só que a gaja é casada com um rico comerciante brasileiro (mas, Ana...) e com isso o escritor resolve ficar recluso no Seminário do Porto, quando se torna amante de uma freira (mas, Camilo...). Não satisfeito, seduz e rapta Ana Plácido e passam algum tempo “a monte”, mas são presos (1860), acusados de adultério pelo corno brazuca. Inicialmente ela se entrega mas depois também ele, poucos meses após ter fugido à justiça. Foi na Cadeia da Relação, quando eu estava a visitar o CPF pela primeira vez, que eu soube dessa história fantástica. Lá ele escreveu Memórias do Cárcere (nada a ver com Graciliano Ramos) e deixou a opinião pública dividida entre a pegada romântica do caso e os padrões da época. O facto é que foram absolvidos e passam a morar juntos em Lisboa (1863), mas ainda não acabou. Dos seus três filhos, um era “oficialmente” do comerciante (o brazuca, lembras?). Com a morte deste, Ana passa a administrar a fortuna herdada pelo primeiro filho. Finalmente, em 1888, casam-se e continuam juntos para sempre. Nesse caso, até 1890, quando ele suicida-se. Ela viveu até 1895. É, tem horas que eu acho que, mesmo depois de já ter feito tanta coisa, minha vida é meio parada :)
 
Um assunto leva a outro, mas voltemos à esquina. Essa região da Passos Manuel é um caso à parte. Figuras da cena “cool” do Porto sempre pousam por aqui, tanto nos lançamentos de livros, exposições ou festas, enfim, assunto é o que não falta no “Maus Hábitos”. Além de um bar “descolado” para a noite, que fica aberto até as 4h nas sextas e sábados, oferece um bom almoço vegetariano. E é barato: O menu completo custa 8  (entrada, sopa, bebida, prato, sobremesa e café) e o económico, sem sobremesa, 6. É simples, mas é legal. Fica na Rua Passos Manuel 178, 4º andar. Em frente, no nº 137, o Cinema Passos Manuel propõe festas constantemente e apresenta cinema “cabeça”. David Lynch por lá é quase comercial...

E também por ali fica o Coliseu do Porto, uma casa de espectáculos Art Déco com 3000 lugares, muito frequentada pelos portuenses. Surgiu onde antes existia o Salão Passos Manuel, no início do século XX e, de acordo com o site, “Era um lugar elegante, sofisticado, moderno, baseado nos jardins parisienses da época, e proporcionava todo o tipo de entretenimentos: café-concerto, music-hall, esplanada e cinematógrafo”. Em 1995 foi objecto de interesse da Igreja Universal do Reino de Deus, mas resistiu ao assédio graças à intervenção de personalidades do meio artístico. Em 96 um incêndio prejudicou bastante as actividades do Coliseu, mas o espaço hoje oferece ao Porto uma agenda constante e diversificada. Lá eu vi, por exemplo, a Adriana Calcanhoto, o Emir Kusturica e a ópera Aida, de Verdi. Os lugares mais altos (e mais baratos) não são lá confortáveis...  Para 2011 estão previstos Buena Vista e Stomp, antena-te!


É ou não é "chic" ??
Na primeira quadra do trecho pedonal (para pedestres) da Santa Catarina, dois belos prédios. À direita, nº 122 (ias ver de qualquer jeito), um dos lugares emblemáticos do Porto - o Café Majestic.  Na inauguração chamava-se Elite, nome que deixava claro a qual público era destinado, nesta que já foi a área central da cidade (de certa forma, ainda é). Teve décadas de glória, mas da mesma forma que outros lugares da cidade, degradou bastante entre os anos 60 e os 80, quando finalmente foi reconhecido como património cultural. Adquirido pelos actuais proprietários, entre 1992 e 1994 foi inteiramente restaurado para apresentar novamente o traçado original. Segundo o site, “É a belle époque de volta ao Porto”.


Logo depois, à esquerda, fica o clássico Grande Hotel do Porto (1880), o mais antigo da cidade, que foi reformado em 2002 e certamente é uma boa opção de hospedagem.Verifica no site as promoções que o hotel sempre oferece, podem ser atraentes. Em 1889 foi este hotel o primeiro pouso em Portugal de D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina em Portugal, após a Proclamação da República no Brasil. Era 24 de Dezembro e apenas 4 dias depois a Imperatriz aqui faleceu. Vem daí o nome do elegante restaurante (D. Pedro II), estilo renascentista. Dica: Se estiver por ali na hora do almoço, o executivo da casa custa 13,50, com entrada (sopa ou creme) e duas opções de prato. Bebidas à parte.
Mais uns passos e chegas à esquina com a Rua Formosa, onde, logo abaixo à esquerda, fica o Mercado do Bolhão. A idéia de concentrar os diversos mercados da cidade vem desde o Séc. XIX, mas o actual prédio (que precisa de uma boa reforma) foi inaugurado em 1914, onde um dia já houve uma nascente de água – uma bolha, como eram chamadas as nascentes – no terreno de uma quinta. Hoje o Mercado está no centro de uma grande discussão sobre a sua revitalização, com debates acalorados entre grupos que querem manter as características do Mercado e empresários que querem demolir todo o seu interior, construir apartamentos de luxo e centro comercial. Discussões políticas usuais entre os humanos... É um belo prédio, com uma diversidade interessantíssima de pessoas e artigos frescos, como flores e frutas, tudo dividido por zonas. De peixes e carnes até pequenos restaurantes, ainda traz a tradição do comércio local. Em volta dele ainda é possível conhecer algumas mercearias antigas, que vendem de tudo um pouco. A mais conhecida é a Pérola do Bolhão, mas se circulares por ali vais ver outras.

Na Rua Formosa, nº 303, fica o Clube Nacional de Montanhismo , do qual fiz parte por um pequeno período de tempo. Logo abaixo da “Pérola”.

Como sugestão, podes contornar o Mercado do Bolhão e, pela Rua de Fernandes Tomás, retornar à Santa Catarina. Logo na esquina dessas duas ruas a Capela das Almas (século XVIII) vai chamar a atenção, pela linda parede coberta de azulejos (1929) sobre a vida de São Francisco de Assis e de Santa Catarina. Desde o século XVI o azulejo é usado em Portugal para a ornamentação de interiores, mas no Porto este ícone estético tuga só é amplamente utilizado a partir do século XIX.  
Dica: Como morei no Porto não há aqui no Sucatrips muitas dicas de hospedagem, mas um casal de amigos de Barcelona passou umas noites na Pensão do Norte (Rua Fernandes Tomas N.º 579) e gostou muito do custo-benefício. O hotel foi completamente reformado e fica bem no coração da Baixa do Porto e a 30 m da Estação Bolhão, linha F do metro, que vai da Estação de Comboios de Campanhã ao Aeroporto.
Por fim, ali pertinho fica o Via Catarina, shopping com marcas conhecidas (Geox, Nike, H&M, etc) e praça de alimentação com decoração tipicamente portuguesa. 

Linha 18 na Restauração, prestes a subir para o Carmo
 
A região pode ser vista a bordo de eléctricos (bondes), sendo os cartões Andante válidos para os trajectos. A Linha 22  circula entre a Batalha e o Carmo, passando pelas principais vias da Baixa (horário). A Linha 18  liga a Ribeira ao centro da cidade, no Carmo (horário). A combinação dessas duas linhas é um passeio fantástico pelo Centro Histórico do Porto, ao alcance de um título Z2 do Cartão Andante, que a essa altura já deves ter nas mãos!!!  Veja o mapa.

Ora, então diz-me lá. Tás ou não a gostar? Continua...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Baixa - Clérigos


Em Portugal, o termo “Baixa” é dado à zona central das cidades (similar a “downtown”, em inglês). No Porto a Baixa fica na parte alta da cidade.

O ponto de partida para conhecer a Baixa pode ser a Estação São Bento, na Praça Almeida Garrett, de onde partem as linhas para o Norte – Douro e Minho. Construída no início do Século XX, o nome vem do Convento de São Bento de Avé-Maria, que existia ali desde o Século XVI. A tradição da azulejaria tuga está presente, representando cenas históricas do país. Repara no relógio e entra na área onde chegam e saem os comboios, para sentir o clima. É integrada ao metro.

 São muitas ruas, talvez seja melhor dividir a área em duas zonas (Clérigos e Bolhão), considerando "Os Aliados" como o centro. É mesmo ali o centro da cidade. A Câmara Municipal do Porto fica na parte mais alta da Avenida dos Aliados, que desce até a Praça da Liberdade com belos edifícios neoclássicos de granito (Século XIX) em ambos os lados. São influência da colônia inglesa que morava no Porto.

Av. dos Aliados. D. Pedro em 1º plano e a Câmara ao fundo

Em 2006 foi completamente modificada, com a troca de canteiros floridos pelo visual actual, o que gerou discussões acaloradas. Em destaque fica a estátua (1866) dele, o nosso D. Pedro I (D. Pedro IV de Portugal), a segurar a carta constitucional. Diversos bancos (BES, Banif, Caixa Geral de Depósitos, BBVA) estão ali em destaque, assim como o Mc Donald's que foi instalado onde já funcionou o Café Imperial. Difícil ver um fast food com toda essa pompa.

Rua dos Clérigos


Começamos pela Zona dos Clérigos. Logo na subida pela Rua dos Clérigos já se nota a movimentação da Baixa, cheia de lojas sem marcas conhecidas, confeitarias, eléctricos a passar, gosto dessa zona. Vale uma bisbilhotada na Rua dos Caldeireiros, logo abaixo, estreita e cheia de sobrados. Nessa rua fica o OPorto Poets Hostel. Não me hospedei lá, mas visitei e gostei do astral. Por aí e para baixo, todas as ruas levam à Ribeira.





A Torre dos Clérigos, que é parte da igreja com o mesmo nome, é um monumento barroco que se destaca nas fotos da cidade do Porto. Foi concluída em 1763 por Nicolau Nasoni (arquitecto italiano) e nessa altura os seus 76 metros faziam dela a construção mais alta de Portugal. No primeiro dos 6 andares, a espessura das paredes chega a quase 2 metros. Dizem que a vista do topo compensa a subida dos mais de 200 degraus, mas nunca lá estive (uma vergonha, fica pra próxima).

Escadaria da Lello
Durante o dia, os dois pontos que logo recomendo são o CPF (Centro Português de Fotografia) e a Livraria Lello. A Livraria (1869) está em todos os guias, é pequena e nela foram filmadas algumas cenas do primeiro Harry Potter a J.K.Rowling morou algum tempo no Porto quando escreveu o primeiro livro. Planeia a visita, pois fecha aos domingos. E toma cuidado para não tropeçar nos livros, o vitral no tecto e os detalhes da loja são de cair o queixo. Fachada neogótica e interior impressionante. Rua das Carmelitas,144. Um quarteirão para baixo há outro prédio que se destaca entre os vizinhos, o "Edifício das Quatro Estações". Nota os relevos acima das pilastras.

Muita coisa, não? Um café vai bem? E uma taça de vinho? Quer checar os emails? Ao lado da Lello há um simpático café, escondido no 1º andar. Não há placa, mas vale uma subida ao "Era uma vez no Porto" para ver de cima o movimento da rua e a Praça dos Leões. Wifi 0800, eventuais exposições e uma lojinha de discos.


Presos tinham bela visão da cidade...
O CPF, também 0800, funciona na antiga Cadeia da Relação e sempre abriga uma 2 ou 3 exposições. Tem fotos de presos (chegou a ter 500 na época), feitas por máquina enormes, tb expostas. No último piso uma das maiores coleções de câmeras da Europa. Inclui uma série de câmeras usadas para espionagem na década de 70 que hoje em dia, com as digitais, parecem uma piada. Dei risada com a que foi montada em uma caixa de Marlboro :)



O prédio foi construído em 1606, desabou em 1752 e foi reconstruído em 1765. Em frente ao CPF fica o Jardim da Cordoaria, caminho até a Reitoria da Universidade do Porto e ao Carmo.
Ao fundo, bares e restaurantes

City Tour de eléctrico


Essa região da Cordoaria, Largo dos Leões (em frente à Reitoria) e Carmo é  movimentada e vai bem uma visita aos seus cafés, bares e restaurantes, tanto de dia quanto à noite. O Café Piolho (Praça de Parada Leitão, 45) fez 100 anos em 2009. É frequentado por estudantes e à noite é quase sempre cheio,  como um Baixo Gávea do além-mar :) com finos vendidos para beber em pé, se preferires.

Café Piolho na night
Contornando o casario para baixo e à direita, há um restaurante que eu gostava de ir, a Residencial Caldeira. Chama-se Residencial porque tem mesmo uns quartos na parte de cima, funciona também como hotel. A comida é boa e o ambiente é bem típico, com os membros da família a servir. Uma noite estávamos lá e descobrimos que era o aniversário da filha do dono.  Resultado: "Parabéns pra Você" à portuguesa e bolo de chocolate oferecido na sobremesa. Com vinho, um jantar custa perto de 20 euros por pessoa e os pratos podem ser divididos. A posta à Maronesa era um pedido constante, mas o Polvo (ou bacalhau) ao Lagareiro e o "Bacalhau com Todos" também faziam sucesso entre nós. Evite o vinho da casa que ele oferece. Eventualmente é bom em outros restaurantes, mas aqui não é boa pedida... Se continuares a descer, sempre ao lado do casario, entra no primeiro beco estreito à direita e vais encontrar o Zé Bota (Travessa do Carmo 16/20 – tel 222054697). Muito boa comida, que contrasta com o humor dos donos/garçons. Bastante frequentado pelos tripeiros, é conveniente reservar, pois são poucos lugares. Se tiveres dúvida entre esses dois, opta pelo Zé Bota. Ali por perto, o Tasquinha também quebra um bom galho.

Almoço na Cordoaria, com a Reitoria ao fundo

Já vimos gótico, neoclássico, barroco, chegou a vez do Rococó. Até eu, que  não sou especialista, apenas confirmei nos guias o que bem me parecia. Datada do Século XVIII (1736), a Igreja do Carmo segue a tendência da época em enfatizar os "pormenores", o que combinava bem com a época rica que Portugal vivia. O Brasil abastecia a Corte de ouro e construíam-se templos como este. Já os azulejos externos (fachada lateral) foram instalados no começo do Século XX, assim como os de outras igrejas e da Estação São Bento. Cabe aqui uma curiosidade: a aplicação de azulejos em fachadas somente se inicia nessa época porque foi um gosto desenvolvido no Brasil durante a estadia da família real na Cidade Maravilhosa. No norte do Brasil o azulejo revelou-se um óptimo protetor externo, por causa das chuvas, surgindo daí a idéia de que também valorizava a estética das fachadas. 
Quando muitos portugueses retornam à origem (Séc. XIX) o gosto brasileiro é aos poucos assimilado, principalmente no Norte, na região do Porto, e depois no resto do país. Inicialmente as casas ornamentadas desta forma eram consideradas de gosto duvidoso e chamadas, de forma pejorativa, "casa de brasileiro" ou "casa de penico". Já viste? Sucatrips também é cultura!!!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ribeira do Porto – Cultura, Gastronomia...


O cartão postal mais conhecido do Porto merece logo uma visita. A Ribeira do Porto mostra um belíssimo casario e é um óptimo início para espreitar os pormenores das ruas estreitas da cidade. Ok, é uma zona mais procurada por turistas, às vezes é um pouco mais caro, etc, mas sentar numa mesita e tomar um “fino” ou um Porto pra perceber melhor o movimento local é uma excelente pedida. Mesmo morando na cidade, eventualmente descia para almoçar ou ali dava uma parada quando passava de bike. Das tascas e restaurantes mais típicos que experimentei, voltei algumas vezes ao A Marina (Cais da Ribeira, 29), que é bem próximo à Ponte D. Luís I. Depois do Queijinho da Serra acompanhado com a Meloa com Porto, tente o Polvo ao Lagareiro com um bom binhinho berde...

Movimento na Ribeira do Porto.
À noite também...












Por causa do Douro a Ribeira sempre foi uma região muito movimentada, com feiras e mercados, mas a modernidade das calçadas e mobiliário urbano vem de obras feitas em 2001, quando o Porto foi Capital Européia da Cultura. Já o visual actual das casas da Ribeira é do século XV, quando a Ribeira foi reconstruída depois de um grande incêndio. Na parte de cima do muro, fica o Vinhas D'Alho, restaurante que "revê" elementos da cozinha tradicional e oferece boa comida, num formato contemporâneo e por um preço um pouco mais alto que o standard local. Uma saída é o menu executivo servido de segunda à sexta ao almoço (couvert, sopa, prato, bebida, futa e café), por 13,50 euros. À sexta-feira geralmente o prato do dia sugere Tripas à Moda do Porto. Boa carta de vinhos, com diversas sugestões de vinho "a copo". Muro dos Bacalhoeiros, 139/140. Tlf: 222 012 874. Se fores reservar, pede uma mesa ao lado do muro e prepara a câmera - o visual é perfeito pra deixar um começo de tarde passar. Do outro lado do Rio Douro, a Vila Nova de Gaia e os muitos armazéns de Vinhos do Porto.

Brasil X Portugal (Copa 2010)


A Praça da Ribeira, ou Praça do Cubo, está voltada para o Douro, cercada de bares e restaurantes, e ali acontecem diversos eventos abertos a todos. Na parte mais alta está a Fonte de São João Baptista, (século XVIII) padroeiro da cidade, com estátua inaugurada em 2000. Já o chafariz onde está o Cubo (década de 80) data do século XVII e foi reconstruído no local onde escavações descobriram sua posição original.









Bate perna por ali. No nível do rio e por cima, nos muros, há detalhes interessantes a serem descobertos. Uma delas é um portão que fica abaixo do Muro dos Bacalhoeiros, o Postigo do Carvão (postigo é uma pequena porta, que se abre em outra maior). As Muralhas Fernandinas, que foram construídas para proteger o Porto no século XIV, possuíam 18 portas e postigos. O Postigo do Carvão é o único que sobreviveu até hoje.

Na Rua da Alfândega, 10 fica a Casa do Infante, que já foi Alfândega e Casa da Moeda, mas desde 2005 é um pequeno museu da Câmara Municipal que resume a história da oupação do Porto desde a presença dos romanos, com excelentes instalações e em diversas "media". Dizem que nela nasceu o Infante D. Henrique, o navegador. Há um piso de mosaico romano e diversas evidências de outras épocas do Porto, complementadas por uma maquete do Porto medieval. Muito fixe. É um bom exemplo de como se deve respeitar a História de uma cidade. Entrada baratinha e visita rápida, não deixes de ir. Quem mandou por aqui foi o Pero Vaz de Caminha, que ao se juntar à esquadra de Cabral ocupou o posto de "Mestre da Balança da Casa da Moeda".

Ali perto também tem o Palácio da Bolsa, que é aberto à visitação. Todo o prédio é imponente e muito bonito, com destaque para o Salão Árabe, impressionante e riquíssimo em detalhes - vale demais conhecer. Eventualmente acontecem concertos de piano neste salão e nele são recebidos chefes de estado. É um óptimo programa e a visita guiada dura meia hora. No início de março acontece ali o Essência do Vinho, um evento que reúne os melhores produtores do país para mostrar seus produtos. Boa chance de conversar com alguns donos de Quintas tradicionais de Portugal.

Dica: Ainda no Palácio da Bolsa, o restaurante "O Comercial" complementa em alto estilo a visita. Decoração clássica, com pormenores que impressionam. No jantar os preços não chegam a assustar, mas o restaurante oferece um convidativo menu executivo ao almoço, por módicos € 13 (couvert, entrada, prato principal de peixe ou carne, água, vinho, sobremesa e café). Imperdível, eu diria. Satisfação garantida com serviço imp'cável.

Mesmo em frente ao Palácio fica o Mercado Ferreira Borges, recentemente reaproveitado e que agora abriga o Hard Club, com espaço para eventos, palcos para shows, restaurante e café. Ainda não conheci, mas na próxima ida confiro. O Mercado foi uma iniciativa do governo (1888) para substituir o antigo mercado da Ribeira, mas o povo gostava do anterior e simplesmente ignorou o upgrade. Ficou abandonado por um bom tempo.

Detalhe do Pimm's, na época das festas juninas


Da última vez em que estive no Porto conheci um restaurante logo abaixo do Palácio da Bolsa, do outro lado da rua,  o Pimm's. O almoço executivo, bom, rápido e barato ataca de culinária portuguesa, mas o jantar é mais globalizado. A qualquer hora, o atendimento é um dos pontos fortes do estabelecimento.





Mesmo para quem não é enófilo, indico uma parada no IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto), que possui um espaço de promoção aberto ao público. Conta com uma sala de provas (que são comentadas) e um circuito de visita que apresenta o processo de certificação - apreciações laboratoriais e sensoriais - dos vinhos do Porto e do Douro. Tem um espaço de venda com uma grande variedade destes vinhos. Segunda a Sexta, das 11h00 às 19h00. Rua Ferreira Borges, 27, um pouquinho acima do Palácio da Bolsa.



Não posso deixar de comentar a Igreja de São Francisco (Século XIV!), a única de arquitectura gótica no Porto. Além da talha barroca dourada e dos 600 Kg de ouro da sua decoração interna, o destaque maior é a Árvore de Jessé, a árvore de família de Jesus, com os 12 Reis de Judah. Só essa peça já vale a visita. Durante o cerco do Porto, em consequência da guerra civil travada entre Liberais e Absolutistas (1833, com D. Pedro I na liderança, lembra?), o claustro gótico de S. Francisco foi totalmente demolido. No seu lugar foi construído o Palácio da Bolsa. Com o  ingresso, visitas também  as catacumbas e a pequena coleção de arte sacra.



Como todo mundo viu no colégio, a Invasão Francesa em Portugal forçou a vinda da família real para o Brasil. Em maio é sempre lembrada pela Invicta a expulsão das tropas de Napoleão. Se estiver de passagem pelo Porto, não perca!! As fotos são de 2009, quando foram lembrados os 200 anos da Invasão.



Delegações das associações napoleónicas da Holanda, da Bélgica, da Alemanha, de Espanha e do Reino Unido comparecem para reviver a batalha histórica, vestidas como em 1809. A Ribeira é tomada por tiros de canhão e bacamartes, com muita correria e festa ao final. São 500 pessoas na encenação, é muito bacana.

















Antes que eu esqueça: é muito oferecido para os turistas um cruzeiro de um dia no Douro, até Peso da Régua. Opinião pessoal: não vale a pena, pois a paisagem deste trecho já está muito alterada pelos humanos. Se quiser conhecer um trecho intacto do Douro, negocie um passeio de barco a partir do Pinhão, sobre o qual falarei ao referir-me à região do Douro. No Porto, opte pelo passeio que passa pelas pontes e vai até a Foz do Douro, nos barcos típicos dali (rabelos). Dura cerca de 40 minutos, custa 10 euros e é muito bom. A primeira foto deste post e a foto da Igreja de São Francisco foram feitas neste passeio.



E, por fim, tem a Ponte Luiz I. Foi inaugurada em 1886, dia de anos de D. Luiz I, rei de Portugal. A empresa de François Gustave Théophile Seyrig ganhou um concurso que foi realizado para a sua construção, à frente da empresa de Gustave Eiffel, da qual Seyrig já tinha sido sócio e chefe de projecto aquando da construção da Ponte Maria Pia (1877). Realmente, são muito parecidas e lembram a Torre Eiffel. O interessante é que na base está escrito “Ponte Luiz I”. Ouvi dizer que, como o rei não compareceu à inauguração, os tripeiros omitiram o título “Dom”. No site da Câmara do Porto consta “Ponte Luís I”. Sei lá eu. É naturalmente o “Ex libris” da cidade.
Linha D do metro
Perto da Ponte
 


Aqui aconteceu uma tragédia durante a Invasão Francesa citada acima., bem antes da construção desta ponte de ferro. Encurralados na Ribeira, milhares de habitantes do Porto tentaram escapar pela Ponte das Barcas, um corredor de madeira apoiado em barcos. Com o excesso de peso gerado pelo pânico, a ponte não aguentou. O grande número de pessoas que morreu nesse dia (cerca de 4 mil) é lembrado por flores e velas que são depositadas nas “Alminhas da Ponte”, uma escultura em baixo-relevo que lembra o acidente, ao lado da ponte actual.

Cervejola e finde tarde na casa da guarda
Uma nova ponte com barcas foi feita e somente em 1843 foi construída uma ponte pênsil, da qual restaram os pilares e a casa da guarda, que regulava e cobrava portagens para a travessia.
O que restou da ponte pênsil















Bem, chega de pontes.

Uma muito-boa opção, perfeita para um jantar (a ver a ponte), é o Dom Tonho. Tem um ambiente com paredes de pedra para dar o clima, é requintado, com um óptimo serviço e oferece comida muito bem cuidada. É fácil de achar, fica próximo à ponte de ferro (Cais da Ribeira, 13 - 15). Tem também uma filial do outro lado do Rio Douro, em Gaia, que fica numa espécie de "cápsula" prateada gigante, logo depois da ponte.